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Mimética

Traço sua tez em cada traço que forma suas palavras
Suas rugas quando escreve no silêncio de muitas horas
Cada canto da memória de um tempo que escoa lentamente.
Desejo, medo, suor e lágrimas.
Tudo misturado nas frases soltas, absortas pela fé.
Um mistério baila no ar, grita com a dor
Arranca olhares vulgares, atentos
Intentos e cheios de perdões.
Eles apenas querem, sem saber o que
Querem porque não podem parar
São fragmentos de um todo que agoniza
Esperanças do que ainda nem imaginam.
Alimento com o verbo essas bocas, falo por eles.
Sofrendo pela dor alheia, sinto o gosto das ansiedades.
Sigo por essa viela velada do sentir
Estou nua, mimética e liberta
Sorva o que digo, mas não faça-me de espelho.

Marta Vaz

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