Páginas

O reencontro


Depois de algum tempo muitas mensagens recebidas.
Frases curtas, que diziam: Você não vem?
Sem retribuição pela atenção.
A insistência irrita-me.
Revolvendo a cidade,
Sem responder a perguntas.
Isso é muito invasivo e vazio.
Encontros constantes com invasões alheias cansa.
Caminhando devagar, não sou nem estou para alguém.
Uma anónima clandestina, como tantas.
Na beira da calçada remexo a terra que serve de piso.
Alguém se aproxima, passos lentos porém firmes.
Cabelos molhados, soltos e o vento levemente tocando-os,
Como a uma melodia.
Perfume que sinaliza antes dos olhos você.
Passadas alinhadas nada semelhantes aos cachos.
Parada frente a mim, de pé.
Novamente soltou a pergunta: Não iria me ver?
Sem respostas, nem os olhos ergueram-se.
O piso continuou a ser revolvido.
Grande ímpeto, abaixou para ver meu rosto,
Não existiu tempo para desviar o olhar.
Não vieram as palavras, só um terno e longo abraço.
Coração num pulsar "descompassado",
Ritmo acelerado e a paz deliciosa!
Desabar, render-se aos carinhos do outro.
Beijo não menos "frenético" do que o abraço.
Matamos a saudade...
Assassinato com absoluta certeza de absolvição.
Fim do reencontro a realidade.
Não se preenche lugar que já esteja preenchido.
Palavras em resposta ao não partir.
O amor tem dessas coisas,
Insano em sua essência,
Mas sábio em cada ato.
Não é mortal como nós,
Pode rondar por décadas e preencher-nos.
Indispensável que a lealdade a ele deva preexistir.
Marta Vaz




Nenhum comentário:

Postar um comentário