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Quase canção

 


Deixei de ler suas cartas

Mas nada apaguei da memória

Nem aquele seu toque atrevido, 

Apertando minha cintura pelo vestido.

Eles nada sabem, 

Que sorte a nossa!

Escapando, escorrem os sentimentos

Quanto tempo perdido!

O deles ou o nosso?

Os silêncios falam tanto!

Somos pura poesia

 Vibrando em notas musicais

 em proposital suspensão

Para durar além da normalidade.

Esse desejo pulsa, grita 

Posso sentir o ritmo acelerar

Como os abraços que nunca vão nos roubar.

Sinto tudo, sinto muito, 

por nunca deixar de sentir.

Nada foi embora e nunca irá

Coisas muito bem guardadas

Como na quase canção

que não chegamos a cantar

Pouco importa...

Nunca foi pouco, o tanto que está em nós.

Marta Vaz








Que Seja



Quero reescrever o destino, 

Redescobrir  essências

Ir fundo, embriagando-me desse âmago enigmático

Viver as sombras, provar dos medos

Fazer o que ninguém conseguiu

Completar-me em sua incompletude

Ser uma em duas,

Numa esquina da cidade nua

Falar bobagens, as mesmas que excitam os casais.

E quando for algo mais sério, 

Ser apenas verdade.

Não vou mais pedir chance

Vou arranca-la sem piedade, 

Despi-la

Da mesma forma que seus olhos fazem com libido.

Sem idealizar, apenas provar

Ser o mais velado desejo

Explodir nesse encontro

Ser qualquer sentimento

Que seja,  

Tornar-me sua, nesse momento 

Sem deixar escapar vontades

E se tiver que ser mais

Que seja.

Marta Vaz






Passional







Diz que não valho nada

Não, não em palavras

Pela negação que entrega

Pelo tempo perdido, empurrando ao abismo

Vai, xinga alto...

Grita: exagerada, passional...

Arranca minhas roupas com o olhar

Esse olhar navalha, que dilacera até a alma

Derruba qualquer barreira.

Como num salto, rendo-me ao encanto

Ao som das letras que saltam e se encaixam

Como corpos ardentes, elas fazem Amor

Fazem poesia da dor

E aos olhos do mundo, invisíveis

Resistem, pulsam e ardem de prazer

Derramando sentimento em cada poesia

Nuas, ou bem vestidas, 

Andam desarmadas na mesma esperança.

Marta Vaz