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Poesia Nua


Vou rir, me despir
Dessa raiva que desperta
Desse desejo que dilacera
Dessa ambiguidade
Da sua intelectualidade
Do seu analista e da sua vida de artista.
Eu vou rir
De tudo que complica
Dos seus versos
Das canções
Do seu vestido caro
E do seu carro.
Vou rir pois a tristeza demora
Sou vã, vil e gosto de beijo
De sexo também.
Gosto do medo
E de tudo mal explicado
Do que não prende
E nem pende arrastando culpas
Arranque minhas roupas
Mas nunca a minha poesia.

Marta Vaz

Photo by: Leandro Anhelli

Ápice


Noite longa, as vozes ecoavam.
Nas paredes e lençóis o irrefutável
Lembranças reviradas da tarde das horas.
É tarde, o corpo sinaliza...
Marcas profundas indicam a trajetória finda.
O recomeço, nos espelhos refletem anseios.
Nas mãos o vazio
No peito só a dor.
Deixa doer, deixa roer toda resistência!
Que se chegue ao âmago desse sentimento.
Toda mágoa lapida ou dilacera.
Segue,
Nessa urgência disfarçada de arte
Segue, tropeçando nos passos.
Mas não pare, segue.
Deixa ir, a hora se aproxima;
Segundos escorrem no tempo
Será o fim?!
Ou finalmente o ápice da obra?!
Suspensão;
Paira suspense, sempre surpresa.
Continue, pouco falta.
Tudo some,
Agora ausência.
Será que nunca existiu?
Calma!
Falta pouco.

Marta Vaz





Suavidade


Suavidade...
Manhã cinza,
Sol tímido.
A mente ferve,
Coração gela minhas mãos.
Emoção a flor da pele,
Alma tocada suavemente.
A dor da saudade se dissipa com a noite;
Um sorriso escapa aos lábios
E o desejo de provar seu beijo.
Sigo em paz.


Marta Vaz