quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Espelho meu


Nua ao espelho
Vejo os olhos que um dia fitaram os seus 
As mãos que ao microfone disseram tanto
O tanto que você não ouviu
Aquele mesmo que usou pra pisar nas páginas da minha vida
Esse ego que me sufoca a anos
Essa atitude rasa que em nada combinava com o amor que dizia sentir.
Na boca ainda resta o batom que de relance arrancou o seu 
Todas as marcas ainda estão aqui
Tatuagens que nem o tempo conseguiu apagar
Sigo com aquele sorriso bobo
Agora sem tantos disfarces
Foram tantos que me perdi por entre os personagens que criei 
Hoje tenho uma Analista, e não consigo mais sorrir depois das sessões, dói reaprender.
Aprender quase tudo que deixei em dias que morreram a cada pôr do Sol que vi.
E não foram poucos, os dias, as noites, as perdas, as tantas coisas que hoje entendo
Minhas sabotagens, essa minha mania de fugir do Amor, de amar.
O Amor existe em mim, mas tão divergente dos demais, dos normais.
É, continuo na contramão com minha poesia.
Talvez um dia mergulhe de vez,  aprenda a não fugir e a matar quem eu era, 
Dando aquele tal último suspiro em sua boca.
Marta Vaz


Espelho meu

Nua ao espelho Vejo os olhos que um dia fitaram os seus  As mãos que ao microfone disseram tanto O tanto que você não ouviu Aquele mesmo que...