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Movimento e sentimento


Seguro o choro
Na garganta embargado está um nó
Tudo que engulo arranha ao passar
Não nego minha dor, a saudade.
Tenho pressa, o trem não para;
Olho miragens em outros olhos.
Jogam com o amor,
como as migalhas aos famintos.
Sinto fome de amor...
Mas não aceito as migalhas, as sobras.
Pois quem vive no amor se completa,
não se despedaça por momentos apenas.
Sinto o vento em meu rosto,
afagando meus cabelos.
Sinto cada pêlo do meu corpo arrepiar.
Vi o mar, e tantos homens a beira d'água,
Senti a paz de Deus se instaurar em mim.
Desejei mais amor...
E a lua estava fria como o vento;
Meu coração quente, acelerado...
Por momentos pensei no caminho.
Mas a distância se agigantava sem parar.
E o trem parou, senti calafrios de dor;
As lembranças eram inevitáveis.
E o tempo não parou;
Só minhas pernas tremulas de pavor.
Mais uma vez o sonho acabou, mais uma vez passou...
E o que resta é a esperança que as rosas voltem;
Que o perfume se espalhe no ar.
E que eu não fique parada na estação.
Sou puro movimento,
Até quando Deus quiser.

Marta Vaz

Um comentário:

  1. As rosas vão voltar ...como sempre, como em toda estação propícia a elas.Teu canto-lamento-pedido é verdadeiro e profundo. Ele será escutado !
    Parabéns pelos versos.

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